14.8.09

IGREJA: SER E IR

Nos últimos 2 anos tem crescido o número de postagens em blogs sobre a validade de se reunir como igreja (com “i” minúsculo mesmo para indicar a congregação de discípulos reunidos em nome de Cristo, para edificação, exortação e consolo). Parece que, à medida em que aumenta a ênfase no SER Igreja em vez de simplesmente IR à um local chamado igreja, num esforço nobre de recuperar a essência da fé e discipulado cristão, diminui consequentemente a motivação de se IR também. Para mim esse é um caso clássico do que acontece com todo movimento reacionário: vai de um extremo a outro. A razão simples porque creio assim é que SER Igreja é algo impossível de se acontecer na individualidade. Igreja é sempre plural, comunitário, sempre algo que eu não posso ser sozinho. Mas a galerinha lê livros questionando a validade da igreja e sai blogando e declarando: “Ufa! Agora posso SER sem IR. Uma libertação!” Será?

Tal coisa só faz sentido numa sociedade cada vez mais individualizada como a nossa (temos feito a lição de casa direitinho com os norte-americanos). Diz isso para quem está tentando seguir Cristo em regiões do mundo como o Norte da África, Oriente Médio e Ásia Central. Nestes lugares você encontra pessoas que anseiam por IR e se reunir com outros e compartilhar sua fé, suas lutas, orar juntos, aprender umas com as outras, etc. Mas não é só nos “países fechados” que você encontra esse entusiasmo pela igreja em sua forma congregacional. Na Europa pós-cristã, acontece o mesmo com os seguidores de Cristo que buscam viver a realidade de sua fé naquele continente frio. Pessoas viajam 1-2 horas na Autobahn para se reunirem como igreja em países como Alemanha, Suíça, França, etc.

Quando penso sobre isso me lembro do que um velho professor de teologia costumava dizer-me no seminário: “A teologia foi elaborada na Europa, está sendo deturpada nos Estados Unidos e testada no Brasil.” Cada dia que passa, mais cresce em mim a sensação de que ele estava certo. Pois essa nova descoberta de SER sem IR é um fenômeno não somente totalmente inédito na história da Igreja, mas arrisco dizer, algo puramente norte-americano. Somente numa sociedade que pratica o culto ao indivíduo (e à individualização) é que um conceito desses pode ser desenvolvido. E pior, vendido como se fosse verdade, grande revelação. E só quem não conhece bem nem as Escrituras nem a História pode embarcar nessa. Pois tanto as Escrituras quanto a História são claras quando o assunto é seguir Jesus: Não é algo que se faz sozinho. Seguir Jesus envolve um compromisso com a mutualidade: disposição a repartir a vida com outros para aprender a amar, perdoar, dar e receber, morrer para o eu, servir, etc.

Creio que Henri Nouwen expressou bem o que é SER Igreja:
“A Igreja é o povo de Deus. A palavra latina para “igreja”, ecclesia, origina-se do grego ek, que significa “fora”, e kaleo, “chamar”. A Igreja é o povo de Deus chamado a sair da escravidão para a liberdade, do pecado para a salvação, do desespero para a esperança, da escuridão para a luz, de uma existência centrada na morte para uma existência centrada na vida.
Quando pensamos na Igreja, devemos pensar num corpo de pessoas viajando juntas. Temos que imaginar as mulheres e os homens e as crianças de todas as idades, raças e sociedades apoiando-se um ao outro em suas longas e, muitas vezes, cansativas jornadas para a morada final.”

Note que Igreja é povo de Deus, não indivíduo de Deus. Igreja são pessoas, nunca uma pessoa só.

Muitos argumentam que não estão questionando a validade da comunhão, que praticam comunhão em casas onde compartilham sua fé enquanto comem e bebem alguma coisa. Essa é sua igreja. Eu não questiono sob hipótese alguma esse tipo de experiência. Com certeza posso cultuar com pessoas em reuniões nos lares. A maioria das igrejas em países fechados acontecem assim. Talvez mesmo vivendo num país onde há liberdade de culto, eu deva praticar o pequeno grupo. Mas, pessoalmente, eu sinto falta de certas coisas que uma reunião nos lares simplesmente torna impraticável.

Grupos pequenos geralmente se reunem por afinidade e/ou geografia. Por isso, raramente transpõem barreiras sociais. Dificilmente pessoas alheias ao grupo terão acesso às suas reuniões (qual foi a última vez que você teve um mendigo em seu grupo pequeno?). Nas reuniões congregacionais maiores encontro a oportunidade de me relacionar - ainda que superficialmente - com uma variedade maior de pessoas - as mulheres e os homens e as crianças de todas as idades, raças e sociedades, do texto de Nouwen. Tal encontro abre possibilidades incríveis de ministração do Espírito em minha vida.

Eu também gosto da vibração musical quando a banda toca e me convida a cantar junto canções que expressam meu amor e sentimentos por Jesus e Sua Causa. Difícil encontrar uma banda de rock tocando em grupos pequenos. E por mais que eu goste da informalidade do diálogo e das conversações sobre a fé, da troca de experiências e questionamentos que acontecem nos encontros informais, sinto que preciso também ouvir um bom sermão que me exorte, edifique e console. De um modo geral, sermões (ou pregações) não se encaixam bem em reuniões caseiras - o próprio ambiente pede algo mais conversacional. Além disso, eu reconheço a grande quantidade de dons e talentos distribuídos por Cristo à Sua Igreja e encontro muito mais oportunidades de ver esses dons sendo exercitados em reuniões congregacionais maiores do que nos pequenos grupos.

Bom, estes são alguns motivos que me levam a perseverar na igreja e crer como Rich Mullins que mesmo uma hora numa igreja ruim é melhor que não ir a nenhuma igreja.

Finalmente, eu acredito que SER Igreja é infinitamente mais importante do que simplesmente IR a uma igreja. Todavia, me pergunto seria possível, a longo prazo, SER sem nunca IR?

Isso tudo me faz lembrar a letra da música Acrobat do U2…

Texto de Sandro Baggio ( http://www.sandrobaggio.com )

22.7.09

Onde está seu coração???

Meu sogro, pastor Manoel mandou bala na questão do dízimo. take a look.


DESCONSTRUINDO O MITO DO DÍZIMO

Tem gente que vai querer me fritar no "caldeirão da heresia", bem fritadinho. Mas entre ter respeitos à tradição e a falar a verdade, eu prefiro falar a verdade e ficar do lado da Palavra de Deus.

Mas de que mito estou me referindo?
Que a instituição do dízimo é uma obrigação compulsória para os nossos dias, com reprimendas e castigos indescritíveis para quem não os dá sistematicamente à igreja local.

No AT, o dízimo era sim, um mandamento obrigatório que deveria ser cumprido à risca, ligado ao contexto de um regime teocrático, onde era exigido de todas as tribos de Israel, levado a efeito com força de lei tributária, visando à manutenção do templo, o pagamento de seus funcionários, e a atender as necessidades relacionadas aos pobres do reino de Israel, os quais não deveriam existir.

Mas no NT, no entanto, não há referência ao dízimo como mandamento normativo obrigatório (a não ser que a referência a respeito de Jesus criticando os fariseus, que davam o dízimo, mas esqueciam de praticar as virtudes mais importantes como praticar a justiça e agir com misericórdia, seja usada pra defender o dízimo no NT e sermos comparados a fariseus legalistas. A referência de dízimo antes da lei, perpetrada por Abraão dando o dízimo a Melquisedeque, sacerdote da Justiça, é uma clara referência da graça sobrepujando a lei, e mostrando que o dízimo foi entregue com inteireza de coração e fruto de gratidão espontânea diante de Deus).

No NT, inclui-se um princípio universal muito mais comprometedor do que o dízimo, baseado na inteireza do discipulado que envolve a mordomia consciente da vida cristã como um todo, incluindo o dinheiro, que deve ser visto como parte integrante do culto da vida diária, como área restrita de fórum íntimo, devendo o cristão colocar suas finanças à inteira disposição do reino, através de ofertas voluntárias, sendo dadas com generosidade de coração, com alegria, e de acordo com a liberalidade do coração. Se for assim, então não precisará que qualquer líder (ainda mais um pastor!), fiscalize ou cobre sua colaboração financeira na igreja de Cristo.
Olha, Se você quer continuar a ser dizimista, tudo bem, melhor que nada! Mas saiba que dízimo é rudimento (noção superficial do início da fé). E não se orgulhe tanto de ser dizimista, pois isso é o mínimo do mínimo no Reino de Deus.

No NT, o ensinamento geral que se derrama sobejamente é a da integridade do ser, em colocar toda a vida à disposição do Reino, sem dicotomia, sem departamentalização que divide a vida cristã em áreas estanques. Tudo isso, à luz da verdade, e tudo sob o domínio do Reino que abrange casamento, sexualidade, relacionamentos, emoções, decisões, planos, posses e finanças, não só 10%, mas tudo à disposição do Reino.

No NT, o cristão maduro deve estar atento e sempre disponível para que a obra de Deus seja sempre mantida sem solução de continuidade, e as necessidades das pessoas carentes da comunidade e ao redor dela sejam supridas substancialmente, sob todos os aspectos, independentemente de sua contribuição ser 10%, 30% ou 50% de seu salário, por que isso vai conforme o coração de cada um, sem necessidade nenhuma de pitbulls do departamento administrativo da igreja ficar cobrando você de forma constrangedora.

O cenário real de tudo isso, na prática, é que toda essa cobrança neurotizada para os membros das igrejas darem seus dízimos, tem eclipsado a insegurança, a falta de fé e de dependência de Deus de muitos líderes de igreja e encoberto a motivação real por detrás da máscara, a ganância camuflada de muitos pastores e líderes, que tem transformado o dízimo em inextinguível combustível para alimentar a adoração de Mamom e sua avidez por dinheiro, quando intimidam o povo desavisado e ingênuo obrigando-o a dar o dízimo, oferta, títulos, jóias, cheque, o que tem e o que não tem, e o “escambau à quatro”, visando a construção de seu império e de seu próprio sustento, nem sempre baseada na simplicidade e singeleza do Jesus que dizem servir, numa tremenda falta de ética e modéstia, e apoio bíblico, o que é mais repugnante.

Diante de tudo isso, não significa que não creio em contribuição para a obra de Deus. Creio e observo essa prática normalmente em minha comunidade. Mas tento ser bíblico!

Como?

Não mentindo, dizendo ao povo que dar o dízimo é dever obrigatório do cristão.
Não mentindo, dizendo que Deus vai vingar, vai mandar gafanhotos e demônios de toda espécie para dilapidar sua renda se não for “fiel dizimista”.
Não se falando em valores na hora do culto, constrangendo as pessoas que vieram para adorar a Deus.
Não julgando quem não dá o dízimo, segregando-o e tratando-o como sendo um indigno crente de segunda categoria (mesmo por que não sei se esse membro que não está alistado no rol de dizimistas, não seja um tremendo colaborador do reino e que modestamente, sem alardes e sem firulas, ajuda financeiramente pessoas carentes e contribua para que muitas pessoas sejam beneficiadas através de suas finanças,e se isso é feito com inteireza e na verdade, não há ninguém que possa interferir no culto sincero no altar do coração, mesmo não passando pela aprovação e obtendo a rubrica da instituição!).

Mostrando que o que se requer, são contribuições que sejam fruto da fidelidade, da liberalidade e da generosidade de cada um, de acordo com suas posses.
Mostrando que há grande crescimento sem precedentes na vida espiritual e material daquele que decide por si mesmo, ser um contribuinte comprometido da obra do Reino de Deus, através da igreja em que congrega.
Mostrando finalmente, que Deus não precisa de fiscais da vida financeira dos membros da igreja, pois Ele é soberano, O Dono da prata e do ouro, e Ele inclina e constrange quem quer para sustentar a obra que é Dele. Se Ele quiser, manda codornizes, usa corvos para trazer carne e pão, e sempre se utilizará de pessoas-chave que vão patrocinar Sua obra, para que essas obras que são realizadas Nele, jamais se extingam.

Contribuição na igreja deve sempre ser realizada com motivação certa, visando a GLÓRIA de Deus.

Sendo assim, jamais a obra que é de Deus será afetada ou diminuída por quaisquer crises ou declínios financeiros no país e no mundo.
Porque a obra de Deus cresce e se sustenta, mesmo quando dormimos (DESCANSAMOS), para depois vermos espantados o crescimento extraordinário da planta (obra), sem que tivéssemos qualquer poder ou influência nesse crescimento.

21.7.09

A IGREJA E O MERCADO

"Infelizmente, a igreja evangélica também caiu na armadilha do mercado. Passamos a apresentar um Jesus Cristo atraente, prometemos a salvação dos céus e a prosperidade na terra, que não exige renúncia alguma. Palavras como sacrifício, pecado, arrependimento, foram substituídas por decretar, conquistar, saquear. Transformamos nossas igrejas em prestadoras de serviços religiosos.
.." - Leia o restante do artigo

17.7.09

C.S. Lewis - Um ex-ateu!

“Um jovem que deseja permanecer um ateu assumido não pode ser muito cuidadoso com sua leitura”, Lewis escreveu mais tarde em sua autobiografia Surpreendido pela alegria. “Deus é, se posso dizer assim, muito inescrupuloso”.

Continue lendo a reportagem que saiu na Cristianismo Hoje!

13.7.09

A CABANA

" Publicado nos Estados Unidos por uma editora pequena, "A Cabana" se revelou um desses livros raros que, a partir do entusiasmo e da indicação dos leitores, se torna um fenômeno de público - quase dois milhões de exemplares vendidos - e de imprensa. A filha mais nova de Mackenzie Allen Philip foi raptada durante as férias em família e há evidências de que ela foi brutalmente assassinada e abandonada numa cabana. Quatro anos mais tarde, Mack recebe uma nota suspeita, aparentemente vinda de Deus, convidando-o para voltar àquela cabana para passar o fim de semana. Ignorando alertas de que poderia ser uma cilada, ele segue numa tarde de inverno e volta a cenário de seu pior pesadelo. O que encontra lá muda sua vida para sempre. Num mundo em que religião parece tornar-se irrelevante, "A Cabana" invoca a pergunta: "Se Deus é tão poderoso e tão cheio de amor, por que não faz nada para amenizar a dor e o sofrimento do mundo? "


Este é um dos best-sellers do ano de 2008 e apenas agora tive a oportunidade de ler. Não direi se o livro é bom ou ruim, cristao ou herético, interessante ou chato por que deixo isso à opinião de cada um. Apenas recomendo fortemente que seja lido por cada um de vocês.

Segue uma entrevista com o autor:

A Mente de Pedro

A Biblia descreve que, num determinado momento, Jesus chamou a 3 de seus discípulos para presenciarem algo surpreendente. Subindo com eles a um monte, Jesus se transfigurou diante deles e conversava com Moisés e Elias.

A história é conhecida de quem já freqüentou algumas aulas de Escola Dominical. No meio do papo, Pedro tenta interromper o clima e diz: “Ei, porque a gente não arma três barracas por aqui? Uma para o senhor – referindo-se a Jesus – uma para Moisés e outra para Elias!

Diz a Bíblia que enquanto Pedro ainda falava, uma nuvem desceu do céu e disse: “Este é o meu filho amado...” Claro que o que Deus fala é importante, mas queria comentar sobre o quando de Deus neste caso. O Eterno interrompe a fala de Pedro e faz com que a brilhante ideia de fazer 3 tendas seja deixada de lado imediatamente e que a atenção se volte ao que realmente interessa.

Mas outro dia fiz o exercício de imaginar o que teria acontecido se Pedro não tivesse sido interrompido. Se não, vejamos: Pedro dá a ideia e imagine que Jesus diga que tudo bem, vai lá, Pedrão. Pedro desceria correndo do monte e iria reunir material para construir as tendas. Se alguém lhe perguntasse o porquê de tanta correria, ele poderia orgulhosamente dizer que estava “na obra”, construindo algo “para o Senhor”.

E então Pedro subiria de volta ao monte com as tendas. E logo 3 tendas não seriam suficientes, ele precisaria de pelo menos mais uma tenda grande que abrigasse também a seus companheiros. E, numa sequência esperada, ele prenderia a Jesus no monte – oh, glória, no monte a sós com Jesus! – e, quem quisesse, que viesse ao monte. Seguindo o raciocínio, as pessoas começariam a vir ao monte para ouvir a Jesus, cada um trazendo suas próprias barracas. E a quantidade de gente logo era tão grande que já não ouviam o que Jesus dizia; era preciso que outros se tornassem seus porta-vozes e retransmitissem a mensagem. O acesso a Deus e à sua glória agora era intermediado pelos privilegiados escolhidos por Ele – e o povo comum dependeria da interpretação dos escolhidos que ouviam a Voz. Aonde isso iria parar?

A mentalidade de Pedro foi calada no Monte da Transfiguração, mas permaneceu viva. Não por acaso a foto ao lado é de um templo muito conhecido, chamado Basílica de São... Pedro! A barraca levada ao limite, o local onde O Escolhido fala em nome de Deus a todos os que perderam o acesso a Ele, porque o Escolhido tem acesso à glória, ao topo do monte.

O exemplo não poderia ser mais claro, mas não se restringe à Igreja Católica. A Igreja Evangélica também tem seus Papas, que a si mesmo se chamam Apóstolos – alguns mais humildemente se deram o título de Bispos e outros são simplesmente Pastores. Nem todos os Pastores têm a mentalidade de Pedro, mas à medida que a hierarquia avança, parece ser uma prerrogativa da qual seus detentores se orgulham. Alguns se tornam eles mesmos inacessíveis, irrepreensíveis, inacusáveis – não importa quantos dólares haja em suas Bíblias sujas.

Que Deus nos livre da mente de Pedro e nos revista com a mente de Cristo que, sendo Deus, esvaziou-se e tornou-se homem. Sendo hom
em, esvaziou-se novamente para tornar-se servo obediente até a morte, e morte de cruz.

Texto por: Ivan Oliveira

8.7.09

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