A Mente de Pedro
A Biblia descreve que, num determinado momento, Jesus chamou a 3 de seus discípulos para presenciarem algo surpreendente. Subindo com eles a um monte, Jesus se transfigurou diante deles e conversava com Moisés e Elias.
A história é conhecida de quem já freqüentou algumas aulas de Escola Dominical. No meio do papo, Pedro tenta interromper o clima e diz: “Ei, porque a gente não arma três barracas por aqui? Uma para o senhor – referindo-se a Jesus – uma para Moisés e outra para Elias!
Diz a Bíblia que enquanto Pedro ainda falava, uma nuvem desceu do céu e disse: “Este é o meu filho amado...” Claro que o que Deus fala é importante, mas queria comentar sobre o quando de Deus neste caso. O Eterno interrompe a fala de Pedro e faz com que a brilhante ideia de fazer 3 tendas seja deixada de lado imediatamente e que a atenção se volte ao que realmente interessa.
Mas outro dia fiz o exercício de imaginar o que teria acontecido se Pedro não tivesse sido interrompido. Se não, vejamos: Pedro dá a ideia e imagine que Jesus diga que tudo bem, vai lá, Pedrão. Pedro desceria correndo do monte e iria reunir material para construir as tendas. Se alguém lhe perguntasse o porquê de tanta correria, ele poderia orgulhosamente dizer que estava “na obra”, construindo algo “para o Senhor”.
E então Pedro subiria de volta ao monte com as tendas. E logo 3 tendas não seriam suficientes, ele precisaria de pelo menos mais uma tenda grande que abrigasse também a seus companheiros. E, numa sequência esperada, ele prenderia a Jesus no monte – oh, glória, no monte a sós com Jesus! – e, quem quisesse, que viesse ao monte. Seguindo o raciocínio, as pessoas começariam a vir ao monte para ouvir a Jesus, cada um trazendo suas próprias barracas. E a quantidade de gente logo era tão grande que já não ouviam o que Jesus dizia; era preciso que outros se tornassem seus porta-vozes e retransmitissem a mensagem. O acesso a Deus e à sua glória agora era intermediado pelos privilegiados escolhidos por Ele – e o povo comum dependeria da interpretação dos escolhidos que ouviam a Voz. Aonde isso iria parar?
A mentalidade de Pedro foi calada no Monte da Transfiguração, mas permaneceu viva. Não por acaso a foto ao lado é de um templo muito conhecido, chamado Basílica de São... Pedro! A barraca levada ao limite, o local onde O Escolhido fala em nome de Deus a todos os que perderam o acesso a Ele, porque o Escolhido tem acesso à glória, ao topo do monte.
O exemplo não poderia ser mais claro, mas não se restringe à Igreja Católica. A Igreja Evangélica também tem seus Papas, que a si mesmo se chamam Apóstolos – alguns mais humildemente se deram o título de Bispos e outros são simplesmente Pastores. Nem todos os Pastores têm a mentalidade de Pedro, mas à medida que a hierarquia avança, parece ser uma prerrogativa da qual seus detentores se orgulham. Alguns se tornam eles mesmos inacessíveis, irrepreensíveis, inacusáveis – não importa quantos dólares haja em suas Bíblias sujas.
Que Deus nos livre da mente de Pedro e nos revista com a mente de Cristo que, sendo Deus, esvaziou-se e tornou-se homem. Sendo homem, esvaziou-se novamente para tornar-se servo obediente até a morte, e morte de cruz.
Texto por: Ivan Oliveira
13.7.09
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